terça-feira, 13 de julho de 2010

Apenas uma questão de fidelidade!

Desde que me conheço por gente e acompanho futebol (isso tem quase vinte anos) sei da 'dívida' que a Copa do Mundo tem com a Holanda. Assim como a Hungria em 1954 e o Brasil em 1982, foi a seleção que 'encantou o mundo' mas não ganhou o título. E o caso da laranja é ainda mais acentuado: foi vice-campeã seguidamente, 1974 e 1978, sendo que na primeira não só 'encantou o mundo', mas também revolucionou a forma de se jogar futebol, as táticas nunca mais seriam as mesmas depois do 'carrossel holandês', ou o 'futebol total', como preferia denominar o técnico Rinus Michells.

Não bastassem esses argumentos, ainda há o fato de sempre ter se mantido entre as grandes seleções não apenas com resultados, mas também apresentando um futebol de qualidade, com jogadores cheios de técnica. Com uma história tão rica e importante chega a ser injusto essa seleção não ter sequer uma estrela em sua camisa laranja; mas, pela enésima vez: futebol não é tribunal de justiça.

Torcer pela Holanda, como segunda seleção, sempre foi uma opção muito simpática nas Copas e adotada pela grande maioria dos torcedores, como uma espécie de 'merecimento' por tudo o que já haviam feito pelo futebol. Então veio a Copa de 2010, e a laranja parecia mais disposta do que nunca a ganhar a tão cobiçada estrela, porém, padeceu do mesmo mal que predomina os técnicos atuais: abdicar do bom futebol para assim obter resultados.

O time fugiu das características históricas da seleção, os únicos talhados de técnica eram Robben e Sneijder, mas os fracos adversários camuflaram essas características, o 'jogo feio' só pôde começar a ser visto nas quartas de final contra o Brasil. Não que a Holanda não tenha merecido aquela vitória, pelo contrário, a ótima atuação de Sneijder, autor dos dois gols, argumenta por si só. Mas a postura e forma de atuação da laranja em nada lembrava as seleções anteriores. O técnico Bert Van Marwijk obteve ótimos resultados nos dois anos de trabalho, chegando a Copa do Mundo com uma invencibilidade que perdurava desde as eliminatórias.

Foi na partida final contra a Espanha que a 'descaracterização' holandesa pôde ser inegavelmente percebida. O time entrou em campo com uma prioridade clara: Não deixar a Espanha jogar! Em uma própria constatação/confissão da superioridade adversária. Pior ainda foi a forma adotada parar parar o adversário. Sim, a falta é um recurso do jogo, mas o bom senso e o respeito também são.

E se a quantidade exacerbada de faltas (para o nível de uma Copa do Mundo) foi descabida, a assintosidade das mesmas foi absurda. E aqui entram as críticas ao árbitro Howard Webb, deixou a 'pancadaria' rolar solta nos primeiros minutos de jogo. A Espanha não pôde jogar e, claro, acabou 'entrando na pilha' dos holandeses. Inadimissível um jogador maldoso como Van Bommel terminar a Copa do Mundo sem um único cartão vermelho. Mas se o jogo foi 'amarrado' durante o tempo normal, na prorrogação a Espanha confirmou a superioridade, mesmo que o primeiro e unico gol do jogo tenha saído aos doze minutos do segundo tempo da prorrogação.

Com toda sua história tão rica, a laranja não merecia que seu primeiro título mundial viesse da forma que se desenhava nessa Copa do Mundo, seria uma incoerência, não, melhor, uma 'infidelidade' gigantesca com a história.

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